S I S T E M A P O É T I C O

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Textos selecionados dentre os autores mais interessantes do Sistema

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

[soneto]



Busque Amor novas artes, novo engenho
para matar-te, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperança me mantenho!
vede que perigosas seguranças:
que não temo contrastes nem mudanças
andando em bravo mar perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,

que dias há que na alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde
vem não sei como e dói não sei porquê.

Luís Vaz de Camões

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